Os caminhoneiros da região Centro-Oeste do país anunciaram o fim dos bloqueios em rodovias no final da tarde desta segunda-feira (27). As últimas interdições foram registradas pela manhã desta segunda (27) em quatro pontos de rodovias federais, no Mato Grosso.
A decisão ocorreu após a promessa do governo federal de intermediar, com o setor contratante, uma tabela referencial de preços do frete. Uma resolução sobre o assunto foi publicada no "Diário Oficial da União" na última sexta (24). Foram cinco dias de protestos. Já no Sul do país, segundo os próprios caminhoneiros, as manifestações demonstram enfraquecimento, e a expectativa é de que os bloqueios parciais também sejam suspensos ainda na noite desta segunda (27).
Os protestos se restringem a apenas dois pontos no Rio Grande do Sul (na BR-468, em Palmeira das Missões, e na BR-386, em Boa Vista das Missões). Não há interdições de vias e a adesão é voluntária.
Uma reunião entre representantes da categoria, do governo federal e de empresas que utilizam o serviço de transporte rodoviário estava marcada para esta terça (28), em Brasília, mas foi cancelada em razão da resolução.
Em nota, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) confirmou a suspensão e informou que aguarda a formação de um fórum permanente de transportes, conforme anunciado pelo governo, para discutir as propostas.
A Abiove é uma das principais contratantes de fretes rodoviários. As empresas formadoras da associação transportam grãos (principalmente soja) produzidos nos Estados do Centro-Oeste. Até agora, apenas metade da safra da soja foi escoada.
"Decidimos suspender os protestos temporariamente para acompanhar essa convenção que dará um valor referencial para o frete. Mas podemos voltar se nada for cumprido", disse Gilson Pedro Pilicioni, liderança dos caminhoneiros no Centro-Oeste.
Ele afirmou que, caso haja novos protestos, a forma de agir será diferente. "Não haverá bloqueios. Nós vamos sensibilizar todos os caminhoneiros sobre a importância de uma paralisação nacional", disse.
O líder dos caminhoneiros em Palmeira das Missões, Odi Antônio Zani, afirmou que a criação de uma tabela referencial é um avanço, desde que seja cumprida. "Vamos acreditar no governo. O preço referencial já é um começo", disse.
Os protestos começaram na última quinta-feira (23), após o governo anunciar que não poderia criar uma tabela de preço mínimo do frete. A proposta era dos caminhoneiros e foi elaborada durante os protestos do começo do ano.
Segundo o governo, a medida é inconstitucional porque interfere nas relações de mercado. Em contrapartida, o governo propôs a tabela referencial. Ela será usada apenas para um preço médio. A negociação ficará entre o contratante e o caminhoneiro.