O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) quer mover uma ação coletiva contra a Ultracargo. Por isso, reúne caminhoneiros que se sentiram prejudicados pelo tempo sem trabalhar após o início do incêndio no Terminal da Alemoa, em Santos.
“Todo caminhoneiro que se sentir no prejuízo pode procurar a sede do sindicato, na Xavier da Silveira, 133 (Paquetá). Vamos mover ação coletiva contra a empresa que causou esse dano”, afirmou o vice-presidente da entidade, José Cícero Rodrigues Agra, que ainda não tem o número de pessoas que procuraram o órgão.
Apesar de o incêndio ter completado uma semana ontem, só na noite de quarta-feira começou um comboio para um grupo de caminhões descarregar mercadorias no Porto. Quem não estava nessa fila ou não conseguiu agendamento para acesso à margem direita permanece parado – o que resulta em prejuízos até o fim das chamas.
O sindicato estima que 4 mil caminhoneiros sofrem com a situação. Se o cenário é ruim para quem aguarda, mas sabe que no fim do mês vai receber o salário sem descontos, pior é para os caminhoneiros agregados – aqueles sem registro em carteira de trabalho, como José de Oliveira, de 58 anos.
Ele levava cargas todos os dias para a mesma empresa há anos. “Mas já estou no oitavo dia sem trabalhar. As empresas dão prioridade para os caminhões delas. Não dá para suprir a necessidade nossa. Só resta aguardar agora”, lamenta ele, que conseguiu vaga em um estacionamento e tem medo de tirar o caminhão de lá. “Meu caminhão está preso na vaga. Se eu tirar, depois não tem onde estacionar. Se chamarem, ainda vou perder o trabalho”.
Sem poder sair
Gilberto Soares da Silva, de 47 anos, é de Guarujá. Com toda a documentação preparada para pegar a carga, ele não pode nem sair. “Estou tentando carregar um contêiner, mas não consigo porque eles não deixam mais entrar no terminal. Estou aqui à disposição porque dão o horário para a gente chegar lá no destino. Quando liberarem, tenho que estar aqui”.
André Moreira dos Santos, de 35 anos, não estava levando carga nem preso no trânsito, mas também teve prejuízo: estava com o caminhão estacionado na área isolada do incêndio. Por uma semana, não pôde retirar o veículo de lá. Conseguiu anteontem, mas o veículo, parado, ficou sem bateria. “De qualquer jeito, sem trabalho está difícil. As contas chegam, o dinheiro vai acabando, pago escola particular para a minha filha. Está complicado”.